A necrópole da Idade do Ferro de Vale da Palha (Calhariz, Sesimbra)
Mots-clés :
Iron Age, Necropolis, Grey Polish Pottery, Grafitti, SesimbraRésumé
Em Janeiro de 1958, trabalhos agrícolas levados a efeito em Vale da Palha (Sesimbra) puseram a descoberto um conjunto de quatro sepulturas de inumação, de tipo “cista”. Não foram alvo de qualquer intervenção arqueológica específica, mas o arqueólogo então chamado ao local, Eduardo da Cunha Serrão, pode registar alguns dados, nomeadamente o relato de que os esqueletos se encontravam em decúbito dorsal e que cada um deles estava acompanhado por um recipiente cerâmico. Estes dados foram publicados em 1974, tendo sido atribuída ao conjunto uma cronologia romana tardia, do século IV. Esta cronologia teve, sobretudo, por base um grafito inciso num dos vasos então recuperados, que foi interpretado como um M latino. Das referidas cerâmicas apenas existem actualmente duas, que correspondem a taças em calote de esfera. Quanto ao fabrico, correspondem a produções de Cerâmica Cinzenta Fina Polida da Idade do Ferro. Morfologicamente pertencem a uma das formas mais frequentes do repertório cerâmico dos sítios orientalizantes peninsulares. Os grafitos que ambas ostentam devem também ser relacionados preferencialmente com uma matriz cultural mediterrânea. A existência de uma necrópole sidérica com materiais orientalizantes nesta região não surpreende, uma vez que no território do Estuário do Sado são abundantes os vestígios da presença de comunidades com origem no Mediterrâneo Oriental ou, pelo menos, de contactos muito estreitos com essas mesmas comunidades.
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